Colaboração entre Terapeutas e Educadores Sexuais Somáticos: Considerações e Sugestões
Por Jack Morin, PhD. (*)
“Durante a maior parte dos meus 30 anos como terapeuta, eu fiz recomendações para que meus clientes recebessem toque profissional, como massagem e outros tipos de toque. Alguns dos problemas dos meus clientes levariam anos ou nunca poderiam ser resolvidos através de terapia padrão sem toque físico. Por isso, eu tenho usado profissionais de toque e suas habilidades por muitos anos para ajudar meus clientes.
Educação Sexual Somática (Sexological Bodywork), em particular, constrói uma ponte da fala para a experiência em casos que envolvem a sexualidade. Eu senti que era necessária uma profissão como Educação Sexual Somática, por isso é emocionante ver esta nova profissão, com a sua formação especializada e parâmetros éticos de funcionamento, sendo utilizada por clientes de terapia. Ter esse tipo de terapia disponível mudou a forma como eu trabalho. É muito mais simples agora recomendar clientes para receber trabalho corporal com uma profissão definida e especializada. Meus clientes têm obtido resultados poderosos.
Os terapeutas se surpreendem na primeira vez que ouvem falar de Educação Sexual Somática. Em seguida, vêm as perguntas, perguntas sérias e profundas, misturadas com preocupações. Alguns têm uma relutância compreensível para indicar clientes para esse trabalho. Eles não têm certeza quais são os benefícios potenciais de incluir toque corporal como parte de um processo psicoterapêutico que possa colaborar com o mesmo. Eles não sabem os tipos de questões que pedem trabalho de ESS, nem o que a ESS tem a oferecer. Eles não têm clareza sobre como tomar uma decisão assim, e quando considerar discutir com isso um cliente. Eles se preocupam que algo vai dar horrivelmente errado e têm medo de processos judiciais. De forma mais imediata, eles não sabem como apresentar este trabalho a um cliente como uma opção.
É normal que terapeutas expressem incerteza sobre os benefícios para seus clientes e se preocupem com questões de legitimidade. Mas uma vez que um terapeuta vê os benefícios em primeira mão e entende como essas questões estão sendo abordadas no treinamento de ESS, torna-se incrivelmente fácil para eles indicar clientes que precisem desse trabalho.
Alguns dos primeiros casos em que um profissional de toque foi utilizado foi o caso dos acompanhantes terapêuticos 2. Eles foram o primeiro grupo a fazer toque erótico de uma forma refinada e respeitosa. Eles tiveram muito sucesso em criar diretrizes profissionais, oferecer treinamento usando um currículo bem desenvolvido e criar uma profissão séria. Utilizar um acompanhante terapêutico é uma grande decisão para um cliente. Geralmente é um processo em curso – longo, caro e complicado. Acompanhantes terapêuticos podem parecer ameaçadores para alguns clientes, e algumas as pessoas ainda não conseguem separar acompanhantes terapêuticos de prostitutas em suas mentes.
Educação Sexual Somática preenche a lacuna entre um profissional de toque que não faz nenhum toque erótico, como um massoterapeuta, e a complexidade de um acompanhante terapêutico. Eu aprecio a simplicidade de indicar um profissional que atua em um modelo de trabalho corporal mais tradicional. O cliente será acolhido, e o toque será unidirecional, do profissional para o cliente. Esse limite será respeitado, e dentro dele há muita liberdade. Isto faz com que seja mais simples de explicar, e mais seguro para muitas pessoas. Ele é flexível e adaptável; alguém pode se beneficiar de apenas algumas poucas sessões. Outros podem necessitar de mais, mas nem sempre é necessário. Embora alguns dos acompanhantes terapêuticos que eu conheço têm sido muito bem sucedidos em sua profissão e maravilhosos com meus clientes, eu percebo ser mais fácil indicar Educadores Sexuais Somáticos.
Há sete áreas terapêuticas diferentes em que vi Educação Sexual Somática ser extremamente útil. A primeira delas, e aquela em que eu vi o impacto mais profundo da ESS em meu trabalho, é quando as pessoas têm ansiedade ao sentir prazer ou erotofobia. Esta categoria inclui de aversões sexuais leves a algumas formas realmente extremas que podem ser experimentadas por sobreviventes de abuso. Há um enorme espectro destes casos.
A ansiedade tende a perpetuar a si mesma; uma vez que você a cria, provavelmente vai haver mais dela.
Alguém que trabalha com o corpo está em uma posição capaz de observar a experiência corporal da ansiedade. O seu acesso à respiração, músculos e estado físico geral de seu cliente também dá ao Educador Sexual Somático Certificado (ESSC) a habilidade de antecipar algumas reações de ansiedade. Isso é o que eu os incentivo a fazer. Dessa forma, o cliente pode gradualmente desfrutar de mais toque sem gerar ansiedade no seu próprio corpo. Em uma sessão que encoraja consciência durante o toque físico, o cliente começa a experimentar a ansiedade surgindo no momento em que é mais fácil que eles acessem os pensamentos que podem tê-la provocado. Isso é incrivelmente útil. Além disso, um ESSC pode dar feedback para um cliente sobre o nível de contração em sua pelve ou outras áreas quando eles ficam nervosos. Isto não é uma questão de dizer o que “certo” e “errado”, mas é uma informação oferecida de forma compreensiva e compassiva.
A segunda categoria de questões terapêuticas que se beneficiam de ESS inclui situações como imagem corporal, disforia corporal, e ódio em relação ao próprio corpo. Em uma conversa profunda, você pode perceber que o que essas pessoas veem quando se olham no espelho está longe de ser o que você experimenta ao olhar para eles. A imagem corporal de uma pessoa pode levar um longo tempo para começar a acompanhar a realidade se eles passaram por mudanças corporais. Situações de abuso também podem causar disforia corporal, porque a pessoa não consegue uma percepção clara sobre quem ela é. Alguns desses problemas podem ser muito difíceis.
Para clientes nestas situações, o toque pode ser muito importante, pode estabelecer uma fundação. Ao longo do tempo, o corpo torna-se “mais sólido”, ao passo em que eles trabalham com um ESSC, e em seguida falam sobre isso comigo. Ódio generalizado do próprio corpo geralmente irradia de certas áreas do corpo. Estas podem ser muito específicas, e descobri-las pode ser um grande avanço. Através de toque atento, eles podem começar a construir uma realidade que os ajuda a descobrir quem eles realmente são. Eles às vezes mudam radicalmente a forma de falar sobre o seu próprio corpo. Esses tipos de casos exigem delicadeza e a capacidade do ESSC de estar suavemente em sintonia, e dar feedback sobre o que estão observando. Isso deve ser feito de uma maneira tão sem julgamentos que a outra pessoa pode realmente ouvir o que está sendo falado.
Outra categoria é a das disfunções sexuais; este é o lugar onde eu tenho mais experiência indicando clientes. Esses casos incluem a falta de excitação, disfunção orgásmica, disfunção erétil e outras situações. Estes casos incluem ansiedade na maioria das vezes. Podem ser casos complicados. Nos dias de hoje, quando as pessoas têm um problema, muitas vezes leêm um livro, tomam um Viagra, e se arrumam por conta própria. Assim, as pessoas com problemas simples geralmente não vêm até mim. Mas Viagra não pode neutralizar casos de ansiedade extrema.
Quando as pessoas ficam presas em algum padrão, receber toque manual pode ajudálos. ESS dá ao cliente com disfunção erétil um encontro real com a sua própria ansiedade de desempenho. Na maioria das vezes esses clientes têm um foco no desempenho; o sexo é um teste para provar que eles são “normais”. Não ajuda entrar na onda e tentar “consertar” a pessoa para que eles possam realizar uma tarefa. Se a pessoa tem um foco no desempenho isso não vai ajudá-los. Nosso objetivo é ajudar as pessoas a abordar a questão de uma forma diferente, mudar o foco do desempenho para o prazer. Assim, um homem com foco no desempenho pode ter a oportunidade de, durante uma sessão de Educação Sexual Somática, não ter uma ereção – junto a uma pessoa que não atribui importância ao fato da ereção surgir ou não. Dessa forma, ele pode ver o que ele experimenta sem a expectativa de excitação ou de ereção.
Em casos como esse, primeiro nós construímos uma comunicação clara. Em seguida, o ESSC passa várias sessões que tocando o cliente de formas que não são explicitamente sexuais. Sugiro que o cliente crie uma orientação em direção ao prazer, e até mesmo aceite a situação como ela é.
Alguns vêem a aceitação como um inimigo da mudança, mas a experiência que tenho me mostra que ela é muitas vezes o primeiro passo para uma mudança real. O processo leva o cliente a ficar pronto para receber estímulos corporais completos, incluindo estimulação genital. Eventualmente, o cliente aprende o que significa experimentar prazer quando não há desempenho envolvido.
As mulheres que vêm a mim muitas vezes têm problemas com anorgasmia, e embora Educação Sexual Somática possa realmente ajudar, eles são mais reticentes a experimentar. Existe um medo coletivo que mulheres carregam sobre o que vai acontecer se elas se permitirem ser tocadas. Uma mulher corajosa que experimentou ESS descobriu que ela podia ter vários orgasmos diferentes. Eu, como terapeuta, nunca poderia ter conduzido essa experiência.
A próxima categoria inclui preocupações anais: negatividade e imagens tabu sobre o prazer nessa área, problemas crônicos de saúde, ou tensão pélvica crônica nos músculos do esfíncter anal ou do assoalho pélvico.
A prisão de ventre muitas vezes representa um estado de tensão crônica. Massagem, uma vez que torna-se confortável, é benéfica para a tensão. Uma vez que um certo nível de conforto é atingido, o massagista pode, através do ânus, alcançar e massagear suavemente a musculatura interna de todo o assoalho pélvico. Durante este processo, ESSCs podem ajudar os clientes a aprender a liberar a tensão. Este tipo de trabalho, com outra pessoa como um guia dando feedback, pode ser combinado de forma muito eficaz com a auto-exploração, automassagem anal no chuveiro, e respiração profunda. Desta forma, os meus clientes têm tido sucesso em lidar com dor anal crônica.
Uma outra área do trabalho inteiramente diferente é a de sujeitos se recuperando do abuso de substâncias, especialmente quando o uso da substância se tornou intimamente ligado com o sexo. Quando começa a parar com as drogas, uma pessoa pode regredir a um estado muito inibido até que nada mais funciona sexualmente para eles; tudo é chato. Alguns terapeutas que lidam com vício têm a atitude que o importante é apenas ficar sóbrio e não se preocupar com sua vida sexual. Eles simplesmente não reconhecem o quão importante é o sexo; algumas pessoas nunca vai ficar sóbrias até recuperarem a sua energia erótica.
Os clientes terão uma chance muito maior de recuperação se encontrarem uma outra maneira mais saudável para revitalizar a sua sexualidade. Nestes casos, o ESSC pode educá-los sobre novas possibilidades eróticas.
O grupo mais complicado de transtornos para os terapeutas e ESSCs inclui hipersexualidade ou sexualidade compulsiva; e parafilias, que chamo de “Excitações problemáticas.” Hipersexualidade não significa que a pessoa faz muito sexo; significa que a pessoa é compulsiva sobre fazer sexo, quer seja prazeroso ou não. Pessoas compulsivas não estão sentindo muito prazer; eles experimentam uma fratura entre amor e luxúria. Toque e consciência baseados no corpo são partes cruciais para curar esta fratura, assim ESS pode ser útil nestes casos.
Com uma parafilia, o sexo se torna mais e mais uma experiência fora do corpo. É uma “viagem de cabeça” que requer um ritual sexual específico. A pessoa afetada pode ser muito orgásmica, mas a sua experiência principal é viagem de cabeça, uma forma de transe fora do corpo. Indivíduos hipersexualizados não agem dessa forma ritualizada, mas há semelhanças; eles também entram em transe eróticos que são negativos.
Este é um tipo de transe onde a pessoa não está presente; ela está como um robô. Eles reproduzem cenários eróticos super intensos e repetitivos, e não conseguem ficar excitados sem este roteiro específico. Esta pode ser uma distinção difícil de fazer de um transe erótico “presente no corpo”, mas a consciência corporal interrompe o roteiro mental. ESS é um método muito poderoso para estar presente no corpo; ele coloca as pessoas novamente em contato com suas capacidades fisiológicas, e dá-lhes a oportunidade de trabalhar sua viagem mental. Na terapia com alguém, eu posso apontar os problemas, mas só falar não ajuda a pessoa a retornar ao estado de sentir-se presente em seu corpo. Lutar contra os desejos é combustível que mantém a compulsão funcionando, portanto, para fazer as pazes com ela, eles precisam criar um espaço para a compulsão. A ESS não substitui ou elimina a parafilia; ela ajuda a pessoa a aprender novos tipos de excitação.
A Educação Sexual Somática oferece grandes possibilidades para educar casais. A intenção é abrir portas para mais formas de se conectar um ao outro. Uma abordagem possível é o ESSC oferecer orientação e treinamento para o casal sobre como fazer massagem erótica e outras técnicas de ESS um com o outro, como uma forma alternativa de ser sensuais ou sexuais juntos. Às vezes, apenas um dos integrantes do casal precisa ou deseja esse apoio. Nestes casos, insisto que os indivíduos digam aos seus parceiros que estão recebendo ESS. A maioria está feliz que seu parceiro receba ajuda.
Um homem aprendeu com a Educação Sexual Somática toda uma nova maneira de tocar, e ele começou a experimentá-la com sua esposa. No começo, a esposa se sentiu um pouco ameaçada, mas ele foi se tornando um amante mais sensível, suave e aberto a novas experiências. Como ele se tornou uma pessoa mais sensual, ela começou a aproveitar muito melhor o tempo que passavam juntos. Sexo se tornou dramaticamente mais interessante para ela, e isso transformou a vida sexual de ambos.
Mesmo quando está claro que este tipo de trabalho é uma boa idéia, pode ser um pouco complicado trazer a proposta para um cliente. O terapeuta deve estar preparado para lidar com, ou aceitar, os sentimentos do cliente sobre a idéia.
Por exemplo, um cliente que está lidando com uma questão sexual e se colocou em um espaço evasivo pode ser um ótimo candidato. Eu pergunto ao cliente o que eles acham possível usando uma combinação das seguintes perguntas: E se você pudesse ter algumas sessões com alguém experiente em trabalho corporal, alguém que fica confortável ao falar sobre respostas sexuais e sentimentos eróticos, e você estivesse livre para ter qualquer resposta sexual que puder ter? Qual seria a sensação de não sentir qualquer pressão, onde você pode ser você mesmo, ficar nervoso, experimentar o medo que faz você querer evitar essas situações, em um lugar onde tudo é permitido, todos os sentimentos, todas as respostas? E se você pudesse ser livre para apenas explorar? E se fosse totalmente livre de pressão, mas o foco estivesse em você, para explorar seu corpo, para reconectar-se com ele? Você não teria que ter nenhuma resposta sexual, você não teria que responder de qualquer maneira específica. Você podia ver quais são os significados do toque, você poderia apenas prestar atenção na sua respiração, e você pode obter feedback sobre como você está tensionando alguns músculos em determinados momentos. Como você acha que seria?
Eu encorajo os clientes a pensar na idéia de receber toque profissional como uma possibilidade. É assim que crio um espaço para o trabalho. As pessoas que se sentem confortáveis comigo acabam revelando alguns dos receios que eles têm sobre o que pode ou não acontecer ao imaginar o evento, ou quais seriam as expectativas. Eles podem explorar detalhadamente os medos e preocupações, bem como as possibilidades. Eu já cheguei a levantar essas questões em uma primeira sessão quando ESS parecia ser uma opção apropriada e o cliente parecia pronto. Clientes muitas vezes vêem de forma imediata e simples como ESS pode ajudá-los.
Tem sido a minha experiência que normalmente há um período de preparação após a primeira demonstração de interesse. Eles começam a ver as possibilidades, e reconhecem que estão abertos a isso, então um processo começa a se desenrolar. Eu dou a eles um nome e um número de telefone e sugiro que conversem por telefone e marquem um horário se se sentirem bem.
Em seguida, o cliente assina um formulário que permite que eu e o ESSC possamos manter comunicação. A comunicação é uma via de mão dupla. Nós não poderíamos fazer isso sem uma autorização escrita. É uma permissão simples, apenas uma sentença. Assim que eu conseguir uma permissão do cliente, geralmente antes que eles realmente se encontrem com o ESSC, eu ligo para o profissional e o informo de toda a história. (É um hábito usarmos iniciais, não nomes.) Quando os clientes conversam com o profissional, o cliente irá repetir a sua história com suas próprias palavras. Apesar de mantermos muita comunicação entre nós, o ESSC não recebe informações completas sobre o que acontece no consultório do terapeuta, apenas o que impacta diretamente o que ele pode fazer e que pode ser importante que ele saiba. Costumo incentivar o cliente a falar com eles diretamente sobre qualquer coisa importante; é melhor se eles mesmos fizerem isso. De minha parte, eu não preciso saber exatamente o que aconteceu na sessão ou como aconteceu, apenas o que o ESSC observou e como tudo correu de forma geral.
Quando eu trabalho em conjunto com um Educador Sexual Somático, eles me enviam um e-mail depois de cada sessão, e eu coloco junto de minhas anotações. Dessa forma, eu tenho uma comunicação constante e sei o que está acontecendo. Eu vejo o que o cliente enfatiza para o ESSC, o que pode ser muito útil. O cliente me diz como foi e se há alguma coisa que o ESSC precisa estar ciente, e então eu lhes envio um e-mail. Cada sessão – tanto de terapia quanto de Educação Sexual Somática – começa com uma recapitulação de onde o cliente está naquele dia, o que eles estão trazendo para a sessão, e suas reflexões sobre a última sessão. Até agora nunca foi necessário um encontro com nós três juntos.
Assim como é importante que esteja claro para os profissionais, eu quero que o cliente vá ao ESSC com clareza do que eles esperam do trabalho. Peço-lhes para articular o que esperam conseguir. Se não puderem fazer isso, eles não estão prontos. A sua capacidade de articular como eles esperam se beneficiar da experiência pode fazer a diferença no sucesso da sessão. As melhores experiências incluem algum tempo no início da sessão discutindo como o cliente se vê sendo beneficiado por ela. O cliente estará em melhor situação se tiver uma ideia clara do que irá, aproximadamente, acontecer na sessão e o ESSC pode se concentrar na forma mais benéfica de criar a sessão. À medida que os clientes sentem os benefícios, eles se tornam cada vez mais articulados ao descrever o que está acontecendo com eles e como eles estão mudando. Os clientes se beneficiam ao serem capazes de afirmar qual é o benefício.
Educação Sexual Somática requer certas habilidades que nem todos possuem. Educadores Sexuais Somáticos Certificados devem ter a capacidade de estar com alguém de uma forma livre de julgamentos, deixar claro que eles estão ali para o cliente e que ninguém precisa provar nada. Também requer a capacidade de discernir quando uma reação traumática acontece. Mesmo quando o cliente não diz nada, um profissional pode dizer quando algo está acontecendo no corpo. O ESSC vai responder de acordo, sendo muito gentil, muito calmo; em seguida, eles vão perguntar à pessoa sobre o que aconteceu, continuando calmo. Isso é extremamente reconfortante para a maioria dos clientes. Isso demonstra que o profissional está prestando atenção, que ele é respeitoso; que eles percebem que os sentimentos do cliente importam. Estas são habilidades avançadas.
Não são todas as pessoas que são capazes de fazer isso.
Tanto terapeutas quanto Educadores Sexuais Somáticos precisam tomar a atitude de definir como realizar este processo colaborativo: O que deve acontecer, o que pode acontecer, que estrutura usar para garantir segurança e limites claros. As pessoas são mais capazes de se livrar de inibições normais se têm um espaço seguro no qual fazer isso. Os profissionais devem se manter observando os limites para garantir que os clientes estão seguros.
Quando os clientes sentem quão definida é a situação, eles podem se permitir e ir além de suas inibições”.
(*) Jack Morin (1946* – 2013 + ) foi psicólogo, estudioso da sexualidade e dos estados eróticos de pico. Escreveu The Erotic Mind: Unlocking the Inner Sources of Passion and Fulfillment (A Mente Erótica: Desbloqueando as fontes internas da paixão e da satisfação. Sem trad.) e Anal Pleasure and Health (Saúde e Prazer Anal. sem trad.). 2 Ao falar de acompanhantes terapêuticos, nos referimos ao trabalho conhecido como Sexual Surrogacy, introduzido por Masters & Johnson na década de 70 e apresentado pela primeira vez no livro Inadequação Sexual Humana. Neste trabalho, um profissional treinado é apresentado ao paciente pelo terapeuta e estes trabalham em conjunto com o acompanhante oferecendo sessões nas quais toque mútuo é permitido entre o paciente e o acompanhante.
Texto cedido por:
Sexological Bodywork Training
http://www.sexologicalbodywork.com
Joseph Kramer, Ph.D.